Nostalgeek - Rock n' Roll Racing

Desenvolvido pela Silicon & Synapse (que hoje se chama Blizzard, imagino que você já tenha ouvido falar) e publicado pela Interplay, Rock n' Roll Racing se orgulha de ser "o jogo de corrida mais irrealista de todos os tempos". Com jogabilidade divertidíssima e trilha sonora capaz de incentivar bate-cabeças na sua sala de estar, esse jogo de quase duas décadas está aí para provar que Forza ou Gran Turismo não parecem muito convidativos quando você pode ter alienígenas e outros seres com lança foguetes no meio das corridas.

Era uma vez um garotinho de mais ou menos onze anos de idade que gostava de sair pra jogar bola e brincar com o pessoal da rua. Um certo dia, um de seus amigos apareceu em sua casa com uma novidade: "Cara, vamo lá na casa do Pio que ele comprou um jogo novo pro Super Nintendo!" O garotinho ficou bastante empolgado, afinal um jogo de videogame novo significava horas de diversão, principalmente na casa do Pio. Subiram a rua correndo e bateram na porta. "Quem é?" Como se aquela pergunta fosse desnecessária, gritaram apenas "A gente!" e entraram. Lá estavam Pio e outros quatro amigos já testando o tal jogo novo. O garotinho viu a caixa perdida num canto da sala e pegou pra dar uma olhada.

Enquanto admirava a arte da capa, ouvia seus amigos rindo e gritando enquanto jogavam. Mesmo não sabendo muito de inglês foi fácil descobrir do que se tratava o jogo: Rock 'n Roll e Racing já eram termos conhecidos por ele. Largou então a caixa de novo no canto da sala, gritou "Próximo!" e correu pra conseguir um lugar no disputado sofá da casa do Pio.

O garotinho, como você deve ter imaginado, era eu e tudo isso aconteceu de verdade no longínquo ano de 2001, se não estou muito enganado. Mesmo nunca tendo gostado muito de jogos de corrida nem de luta, era (e ainda é) impossível não se divertir ao jogar junto com uma galera em casa. Nos bons tempos que não havia multiplayer online e oras, nem internet existia direito, o jeito era combinar de ir jogar na casa de alguém ou mesmo aparecer sem ser convidado. Controles nunca eram o problema porque todo mundo tinha vários, o pessoal morava perto e pra ir à pé na casa dos amigos não demorava nem cinco minutos. De quebra a gente ainda comia biscoito e bebia refrigerante. Bons tempos.

Rock n' Roll Racing não era tipo Top Gear (que você ainda verá aqui Nostalgeek, aguarde), jogo referência quando se falava de corrida. Era confuso logo de início porque tinha aquela visão isométrica estranha, mas fácil de se acostumar. Eram sempre quatro corredores literalmente se degladiando nos percursos que tinham sempre quatro voltas. Além de tomar cuidado com os outros carros, você precisava também ser sagaz pra não cair da pista, principalmente depois de saltar numa daquelas "lombadas" monstruosas. A história... Bem, quem se importava com a história? O importante depois de assoprar o cartucho e socar ele no videogame era escolher seu corredor, o carro e daí sentar a lenha nos outros!

E claro que não dá pra falar de RRR sem lembrar da trilha sonora, afinal esse era o trunfo da Interplay. Black Sabbath, Deep Purple, Steppenwolf, além de outras músicas clássicas como The Peter Gunn Theme e a música de abertura, Bad to the Bone, todas instrumentais apenas e convertidas para aquela taxa de bits do SuperNES, soando tão bem quanto as originais. E tem também o locutor, que comentava as corridas com clássicas frases como "The stage is set, the green flag drops" e "Rip is about to blow!" mas que na época a gente não fazia ideia do que eram e falavamos "Dezeigizé de green flédó" e "Rick Zavautchuglow!"

Depois de cada corrida ainda dava pra fazer upgrades no carro, melhorando desde o motor e os pneus até as armas e o turbo. O jogo contava também com um sistema de passwords que servia para salvar seu progresso e as alterações que você havia feito em seu carro. Parece complicado, mas não era. Era bem simples, além de malignamente divertido.